quinta-feira, 14 de abril de 2011

Crianças do Realengo


Há alguns dias soubemos da horrível tragédia no Rio de Janeiro. Um homem fortemente armado invadiu uma escola e atirou contra os últimos seres que teriam culpa da revolta dele: as crianças. Estas entraram em desespero tendo que fugir dos tiros e ainda ver seus coleguinhas sendo mortos friamente. Daqui a alguns meses ou até semanas a mídia irá esquecer desse caso por ficar saturado ou acontecer algum outro pior, mas a cena vivida por essas crianças ficarão em suas mentes pro resto da vida.
O massacre deu margem a discussão de eternos assuntos, tais como bullyng, preconceito, fanatismo. E como o principal 'instrumento' causador da violência foi uma arma de fogo, veio à tona novamente a questão do desarmamento. Com isso, meu lindo professor de redação Márcio André (sim, da Banda Naurêa!) nos propôs um texto dissertativo  de 20-30 linhas com o seguinte tema: Até que ponto a venda de armas e a facilidade de comprar armamentos têm relação com massacres como esse?
Por não ser um assunto superficial nem efêmero, resolvi postar o que eu escrevi.

    A discussão sobre armas em geral sempre gera polêmica e controvérsias demagógicas. Anos atrás foi feito um plebiscito no Brasil para decidir a legalidade ou não do porte de arma por pessoas normais (que não sejam policiais, soldados). A maioria votou que não deveria ser proibido e agora com o massacre infantil no Rio de Janeiro a discussão volta na mídia.
    Ao ver exemplos como o de Wellington Menezes de Oliveira que invadiu uma escola, feriu e matou várias crianças; é normal se perguntar o motivo que levou esse homem a fazer isso. A mídia, principalmente, se encarrega de vasculhar o passado, a saúde, a moradia e os passatempos dele. Não achando um motivo concreto que justifique aquela atitude, tendem a colocar a culpa em algo maior, cuja credibilidade e confiança por natureza já é conturbada: a venda de armas.
    Conseguir uma arma legalizada no Brasil pode ser difícil pelos testes e pela burocracia que o processo exige. Todavia, como pra tudo que é complicado nesse país, há um jeito mais fácil. O mercado negro atende às necessidades de quem quiser ter uma arma contando inclusive com ajuda de policiais corruptos e contrabandistas. Então pra quê proibir armas legalizadas enquanto o comércio ilegal existe? A Revista Veja na época do plebiscito fez uma campanha enorme expondo "7 motivos para votar 'Não'", explicando que em todos os países onde o desarmamento foi adotado a violência aumentou de forma considerável. Provando que quem "se desarma" de fato são as pessoas honestas que normalmente não praticariam crimes, enquanto que os bandidos conseguem de algum modo acesso aos armamentos.
    Massacres, crimes em geral sempre existiram mesmo antes da invenção da arma de fogo. A facilidade da obtenção de um revólver pode ajudar na realização de um crime, mas não ser o seu motivo. Pessoas que cometeriam crimes com armas, caso não as possuísse, usariam qualquer coisa que pudessem. E facas, tesouras, lâminas - armas brancas em geral - nunca serão difíceis de serem obtidas.