segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Confiança


Necessária na vida em todos os sentidos. Desde segredos entre amigos a autorizar que um médico te faça alguma cirurgia. Confiar na sugestão de restaurante, no sequestrador pedindo resgate, na foto do hotel no site. Como saber em quem confiar?
Ao depositarmos confiança, é como se dividíssemos uma parte de nós com o outro. Quando esse corresponde, seria o equivalente a ficar responsável por cuidar dessa parte, desse pedacinho da gente. E a cada palavra, gesto correspondido, costumamos dar mais confiança e, consequentemente mais de nós.
O problema, como tooodo mundo sabe (ou pelo menos, deveria), é quando a resposta não corresponde ao esperado. Promessas não cumpridas, tratos desfeitos, mentiras, falsidade. Resumindo: DECEPÇÃO. Após o choque/descoberta, não acreditamos como puderam fazer tão pouco caso, cuidar tão mal da nossa parte, que agora está morta. E vem o arrependimento de ter confiado.
Como saberíamos que isso iria acontecer? Não há como saber. Tudo bem que existem pessoas que obviamente não são confiáveis, seja por suas atitudes, companhias, referências, enfim, isso não vem ao caso. Mas e aqueles que sempre (ou quase sempre) demonstraram cumplicidade e honestidade? De qualquer forma, pra saber só testando mesmo. E testando, temos que estar preparados com relação aos riscos. Como diria Jack Sparrow (Piratas do Caribe), um dos personagens que eu acho mais fascinantes, é melhor a gente acreditar no mentiroso, que pelo menos sabemos que mente sempre, do que na pessoa que só fala a verdade, porque nunca se sabe quando ela vai mentir. E, completando com House: everybody lies. No caso, fudeu.
Cada experiência que passamos contribui pra formação da nossa personalidade, caráter, enfim. E acho que essas de confiança versus decepção são as que mais marcam. Por exemplo, a pessoa que vos fala. Com 16 anos, no auge da minha adolescência, já passei por algumas que me fizeram criar receio e aprender a pensar três mil vezes antes de dizer/fazer determinadas coisas. Deixar de contar aquela fofoca, de fazer piada, de dançar loucamente na boca da garrafa em público. Isso com menos da metade de uma vida de duração normal. Com base nisso dá pra entender por que tantos adultos, coroas e afins (geralmente), são tão sérios, fechados e não se 'abrem' com ninguém. Sabe-se lá pelo que já passaram, e que pôde ter tirado o brilho dos olhos, o encantamento, a 'idiotice'. Sim, porque eu sou muuuuito idiota, e pretendo ser por muito tempo! Só vivo rindo de qualquer coisa, mesmo que sem graça e acho que é disso que tiro meus sonhos, minhas ilusões pra deixar a vida mais bonita.
Meu conselho um tanto quanto desconfiado é não confiar completamente numa pessoa, compartilhar o necessário ou no máximo o que não te causaria grandes problemas. Renato Russo sabia muito bem disso quando compôs suas músicas, como sugere os trechos: "se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo..." (Mais Uma Vez) e "quero ter alguém com quem conversar, alguém que depois não use o que eu disse contra mim" (Andrea Doria). E é isso, se o Mestre falou, tá falado. Sorte na vida e cuidem bem de vocês! :*

[Foto: Irys Raquel e seu filho Enzzo: família, uma das poucas relações confiáveis que se pode ter.]